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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A Casa de Câmara e cadeia de Acari

Por Cícero José de Araújo  - historiador acariense 

Mais um trecho do meu TCC, dessa vez do II capitulo falando sobre a Casa de Câmara e Cadeia, com algumas informações inéditas, como o nome do arquiteto e dos pedreiros que trabalharam na obra:Recebido o título de vila, uma das primeiras medidas impostas por lei foi a construção da Casa de Câmara e Cadeia. Este edifício era geralmente de dois andares, o térreo servia como prisão local e o superior, como o conselho da Câmara. (TEIXEIRA, 2012, p. 117): 

A vila era o núcleo de um território, a sede do município, exigindo como prerrogativas possuir uma sede para o poder municipal, ou a Casa de Câmara e Cadeia. Em 1838, a sede da administração local do Acari já estava de pé, construída em pedra e barro por Tomaz de Araújo. Em um discurso, do mesmo ano, o presidente da província João Valentino Dantas Pinajé diz que, “[...] A Cadeia da Villa do Acari posso affirmar-vos, que he nova, e ainda não apresenta ruina [...]” (HARTNESS, 1838, p. 32). Não encontramos fontes documentais que forneçam informações sobre o local da primeira Cadeia. Em fins dos anos 1860 o prédio estava em ruínas e abandonado .
É possível que a construção tenha sido usada somente como cadeia, já que as laterais da Igreja do Rosário, construídas em 1840 por Tomaz de Araújo, aparecem como sendo lugar de reuniões para tratar de assuntos políticos e da administração pública, nos anos 1840 e 1850. (SANTA ROSA, 1974, p. 69) 

A nova Casa de Câmara e Cadeia de Acari começou a ser construída em 1878 e foi concluída em 1887. Sua fachada foi inspirada na arquitetura neoclássica. Pedra e tijolos foram os materiais usados nas paredes, denotando maior apuro técnico-construtivo, estilístico e melhoria no setor da construção civil. Na fase final da construção do edifício, por volta de 1885, um arquiteto aparece sendo contratado pela Câmara para trabalhar na obra, podemos imaginar que o mesmo foi o encarregado das questões estilísticas da fachada do prédio. ( CÂMARA MUNICIPAL DA VILA DO ACARI, 1885-1908). 

As pessoas que aparecem como trabalhadores na obra são: Paulino José de Maria (arquiteto), Manoel Joaquim da Silva (pedreiro), Joaquim Ignacio da Silva (pedreiro) Manuel Pedro de Azevedo (pedreiro) e Manoel Antonio Dantas (carpina).

sábado, 6 de agosto de 2016

Festa da Padroeira do Acary há 150 anos atrás (vivenciando a Festa de Agosto em 1867)

Por Cicero José de Araújo Silva -  Historiador acariense

Imagem de Nossa Senhora da Guia, padroeira da cidade de Acari.

Ser pesquisador e viver fuçando arquivos sempre nos rende gratas descobertas, que parecerem querer vir a luz da história. Documentos amarelados e empoeirados que esperam por décadas para nos contar prazerosamente fatos ocorridos em um Acary antiquíssimo. Pois bem, nas minhas ultimas pesquisas estive pacientemente lendo e transcrevendo jornais dos anos 1800.

Acidentalmente e quase sem querer descobri um documento raríssimo, e muito valioso para nossa história local. Trata-se de uma descrição da Festa da Padroeira de Acari no ano de 1867, quando foi realizada a transferência da antiga Igreja do Rosário (1738) para a atual Matriz (1863).

A festa foi acompanhada e narrada nos mínimos detalhes por um viajante que publicou seu relato no jornal o Assuense que circulou entre 1867 e 1872 na então Província do Rio Grande do Norte.

Para que todos os acarienses ouçam as vozes do passado, e através desse raro documento histórico possam viajar no tempo para aquela esplêndida noite de 15 de agosto de 1867, segue abaixo o documento transcrito:

“No dia 15 do corrente mês terminou a Festa da Padroeira do Acary, que foi assas concorrida. Tivemos ocasião de assistir aos últimos dias da festa, e podemos asseverar que em magnitude e explendor esteve ella altura do objeto a que foi destinada.

Alem do digno parocho da Freguesya o Rdv. Thomaz Pereira d’ Araujo e do seu coadjuctor o Rdv. Idalino Fernandes de Souza, á ella concorreram mais 6 sacerdotes. Orando ad evangelho o Rdv. Francisco Rafael Fernandes, que ainda um vez se mostrou digno da cadeira sagrada em que tantos louros tem sabido adquirir.

As trez ultimas noites de novena corresponderam aos esforços dos noiteiros que delas se encarregaram, com especialidade as dos jovens e das jovens solteiras, que estiveram a todos os respeitos explendidos, sendo destes a ultima noite, que foi precedida de uma brilhante alvorada, acompanhada por mais de 100 jovens Acaryenses trajando branco, e sendo seguidos de um concurso de povo, que igualmente acompanhavam o carro triumphal.

Para aumentar o prazer da Festa da Padroeira, permittio esta que na véspera chegassem a Villa do Acary, 4 voluntarios da Patria que d’alli haviam seguido para o theatro da Guerra do Paraguay, Manoel Hipolito Dantas de Maria, João Firmino Dantas de Maria, Antonio Theophilo de Maria e Gonçalo José Cardoso.

A chegada e recepção destes veio ainda mais aumentar as sensações de prazer que experimentava naquela ocasião o povo Acaryense, e não é fácil descrever as demonstrações de alegria e satisfação que então manifestaram todos em geral e em particular as famílias dos mesmos que alli se achavam.

Diremos em conclusão que a Festa de N. S. da Guia, Padroeira do Acary, foi a mais explendida de quantas havemos assistido, e prova de um modo incontestável o fervor religiosos do povo Acaryense e do digno Parocho que tem este mesmo povo a ventura de possuir."
Villa do Acary, 15 de Agosto de 1867.